domingo, 9 de agosto de 2009

... e enquanto vagueava, alienado, alterado, mas pleno de lucidez e consciência de que nada ali procurava, entrou numa grande superfície, conhecida de quase todos e divagou naquele espaço dois, três quartos d'hora.
- Bonito - disse ele. Tudo era permito.
De andar lento, passo cauteloso, á semelhança do rato que na desconfiança gere a aproximação à ratoeira e ao prémio, a tal personagem igual a tantas outras senta-se num sitio confortável, ainda pasmado com tudo o que vira e assustado com tudo o que sabia que ainda havia a ver...
As mulheres que em todo o lado se ofereceram a seus pés, saídas não do Tejo mas do nada. "Ninfas do meu tempo", pensa para si.
Todos tinham la loja. Deuses, políticos, artistas, filósofos, homens de ciência, de guerra,loucos e iluminados.
Tira fumo do guarda fumo e fuma... comprara ali tudo, e tudo podia comprar ali. "Nada é real, tudo é permitido" pensa para si nostálgico, sorrindo entre a bafada que tão bem lhe sabe. Como um giroscópio dá um olhar no espaço envolvente e repara num sem numero, não de lojas mas de bancas pessoais. Vê os artigos em exposição; ignorância e genialidade como tudo o resto naquele sitio. Aconchega-se numa banca que o gerente daquele sitio de bom grado lhe fornece, embeleza-a em tons de preto e de vazio de artigos na montra.
Acende outro fumo, manda três ou quatro bafadas e junta-se ao negocio dizendo isto.